Lembramos bem desse dia, nosso pai já velhinho, sentado na varanda e Dário fazendo as perguntas. A princípio ele começou meio tímido e depois foi se soltando com mais desenvoltura, pois essa era uma de suas características. Foi assim, quando começou a falar (de improviso) numa das várias comemorações de aniversário de formatura. A primeira vez que falou, começou meio tímido e quando viu seus colegas e esposas com ar de aprovação e admiração, aumentou o volume da voz e soltou o verbo, fazendo um discurso lindo. A emoção foi tão grande que algumas das esposas dos seus colegas choraram, principalmente quando ele fez a comparação do médico do interior com os profissionais das grandes capitais.
Infelizmente não temos uma cópia desse discurso.Um dos colegas ligou avisando que iria fazer cópias e distribuir entre eles, mas nosso pai não pegou a dele, não me lembro porque. Daí em diante ele passou a ser solicitado em todas as comemorações. Esse discurso sobre o qual falei foi parar no Conselho Regional de Medicina que mandou uma carta convidando-o para fazer uma palestra sobre o tema, mas ele recusou. Esse era o nosso pai. Por falta de vaidade não dava muita importância para certas coisas, sem se dar conta que no futuro poderiam fazer parte do histórico de sua longa e emocionante trajetória de cidadão honrado e grande profissional.
Quanto ao título de cidadão piritibano, nunca o vi se queixar. Talvez por se sentir realmente cidadão da terra onde o seu povo o acolheu e o tratava como tal, com um enorme respeito e carinho e onde casou, gerou e criou seus filhos. Nós também nunca achamos que Piritiba lhe devesse esse título porque ele já o tinha naturalmente. Para nós era natural que assim como seus filhos, tanto ele como minha mãe fossem realmente pritibanos.
Queremos agradecer a todos os encarregados do BLOGSPOT e ao povo de Piritiba por tantas demonstrações de respeito, de consideração e, por que não, de amor aos meus pais.
Com a nossa sincera gratidão.
Fílhos e familiares de Carlos e Maria Alípia Ayres
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