domingo, 7 de novembro de 2010

A ENTREVISTA DE ADEMAR SODRÉ

CULTURA & LAZER


ENTREVISTA COM O SR. ADEMAR ALMEIDA SODRÉ
Piritiba 12 /12 /2002
PARTE I

A Reportagem do Piritiba-Net, através do repórter Prof. Dario Lopes, conversa neste dia 12 de Dezembro de 2002, com o conterrâneo amigo, Sr. Ademar Almeida Sodré, um dos baluartes na construção do Ginásio de Piritiba, que  depois recebeu o nome de Centro Educacional de Piritiba, como também, teve atuação destacada na Política e no Comércio da cidade.

PN – Caro amigo Ademar (Dema), como costumo chamá-lo, Boa Tarde. É uma alegria e uma satisfação muito grande, estar aqui em sua casa, para esta entrevista. Os meus votos de saúde e paz e que você se recupere totalmente da delicada cirurgia que fez recentemente.

PN – Primeiramente gostaria de saber onde o Senhor nasceu e quando?
Ademar - Eu nasci na Fazenda Cobé no dia 18 de janeiro de 1923 e fui registrado aqui em Piritiba.

PN – Qual o nome de seus pais e quais as profissões deles?
Ademar  - Meu Pai chamava-se Aparício Sodré da Hora e minha mãe Isaura Almeida Sodré. Ele era Fazendeiro, negociava com Gado e ela Doméstica. Meu pai, foi o primeiro homem a levar gado daqui da região para Goiás, nos anos de 1929, 1930 até 1934.

PN – Onde o Senhor estudou?  Primário e Secundário?
Ademar  - Estudei aqui em Piritiba.  Primeiro estudei com um professor particular de nome Durval Alves Barreto, depois fui aluno da Profª Ana Macêdo. Só estudei o primário, porque naquele tempo não tinha colégio aqui e meus pais não puderam me colocar para estudar fora. Só havia colégio em Salvador, Feira de Santana e Cachoeira.
Vou lhe contar uma coisa para você saber: Oswaldo Macêdo era professor em Andaraí que era o lugar mais importante da época. Depois foi criado uma “Cadeira” em Piritiba, que naquela época, chamava-se “Cinco Várzeas”,  porque era casado com a Profª Ana Macêdo e não tinha lugar para ela ensinar. Então com o conhecimento que tinha e  amigos lá em Salvador, ele conseguiu criar esta cadeira para ela. Então ele ficou ensinando em Andaraí e ela aqui em Piritiba.

PN – Qual a sua primeira atividade profissional?
Ademar  - Eu era balconista. Trabalhei toda a vida no Comércio.

PN – Quando e como conheceu D. Valda?
Ademar  - Eu conheci a Valda em 1940, numa festa na Igreja, numa Quermesse que se faziam antigamente. Aí começou o namoro.

PN – Em que ano se casou? Quantos filhos teve?
Ademar - Olha! Eu casei no dia 24 de setembro de 1946. Hoje tenho 56 anos de casado e 10 filhos, todos criados e vivos.

PN – Com relação a sua vida de cidadão. O Sr. Serviu o Exército, Marinha ou Aeronáutica, ou foi dispensado?
Ademar  - Eu fui dispensado.

PN – Com a Independência Política de Piritiba, você se tornou Cidadão Piritibano ou ainda é Cidadão Mundonovense?
Ademar  - Eu sou Cidadão Piritibano, como lhe disse, fui registrado aqui.

PN – Lembra Quantos habitantes tinha Piritiba naquela época?
Ademar   - Aqui era muito pequeno. Aqui só existia aquela Praça do Comércio lá embaixo. Andaraí, França e Largo eram mais importantes que Piritiba.

PN – Quais os moradores mais importantes e influentes de Piritiba, naquela época?
Ademar  - A Família Marcelino (Francisco Marcelino foi uma das primeiras pessoas que chegaram aqui.  Tinha um cidadão chamado Janjão do Lajedo e também o pessoal da sua família. Sr. Manoel de Alcino e filhos. Este pessoal da sua família veio para aqui, vindo do Alto Bonito, trabalhou como construtor de casas e locou algumas ruas. A família de Eliodoro Lima, que veio de Monte Alegre, além da família de João Damasceno Sampaio, que veio de Ipirá que naquela época chamava-se Camisão.  

PN – Quais as maiores dificuldades que Piritiba enfrentava naquela época?
Ademar   - A maior dificuldade era a falta de comunicação e não tinha água. A cidade dependia de chuva e a água aqui era sempre muito salobra.

PN – Como a cidade começou a se desenvolver?
Ademar  - Com o advento da Estrada de Ferro. Vou até lhe esclarecer, porque pouca gente aqui sabe a história direito. A Estrada de Ferro chamava-se “Este Brasileiro”, de origem francesa. Depois quando terminou o contrato, passou para “Leste Brasileiro”. A Estrada foi inaugurada aqui no ano de 1934 e o primeiro agente da estação chamava-se: Jean Bastianni de origem italiana. O povo aqui o chamava de João Bastião.

PN – Vamos mudar um pouco de assunto. O Senhor foi sempre um baluarte na Educação Piritibana, conte sua experiência à frente do Centro Educacional de Piritiba.

Ademar   - Olha Dario, foi o seguinte: A maior paixão que tive em minha vida era por estudar. Meus pais não tiveram condições de me mandar estudar fora. Só existia colégio em Salvador, Cachoeira, Serrinha. Eu não tive condições de estudar lá. Então tinha uma paixão dentro de mim. Sempre sonhei. Aí sonhei em construir um Colégio aqui em Piritiba. Convidei umas pessoas, como José Neves, Josué Borges, que ainda está aí. Aí fundamos uma Cooperativa e com a chegada do Ver. Joel Cavalcanti, para a Igreja Presbiteriana, ele tomou à frente da Cooperativa. Existia muita dificuldade em instalar um Colégio, principalmente na parte de documentação que era exigida pela Secretaria e Ministério da Educação. Aí foi que nós procuramos a CNEC, para que eles nos assessorassem no preparo dessa documentação. Aí conheci do Dr. Luís Rogério. Quero fazer uma ressalva: se diz que doamos o colégio a CNEC. O Setor Local é independente. Tudo isso aqui é nosso. Por isso é besteira dizer que foi doado. Se fez esta escritura para conseguir as verbas de Brasília para aqui. Dr. Rogério me dizia: Ademar – quem é que vai arrancar aquilo de lá. Aquilo é do setor local. O Estatuto dizia: Se o Setor Local for extinto, todo o patrimônio passa para a Comunidade, ou seja, para a Prefeitura Local.

PN – Quem mais o ajudou nesta enorme tarefa de implantar o Colégio de Piritiba? Como você conheceu o Dr. Luís Rogério?
Ademar  - Eu conheci o Dr. Luís Rogério, numa viagem que ele fazia à região de Irecê e passou por aqui, e aqui conversamos. Eu disse pra ele: Nós temos uma Cooperativa, estamos construindo um Colégio, mas não sabemos como fazer para botar ele para funcionar. Aí ele disse: “me procurem, que eu vou ver o caso de Piritiba e então eu encaminho os documentos”. Daí como eu tinha a maior vontade de ver o Colégio funcionando, não perdi tempo. Fui atrás dele. Aí começou o nosso relacionamento e a nossa amizade. Isto ocorreu em 1960 mais ou menos.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário