Naqueles breves dias de inverno piritibano recebi a visita do casal de amigos Nelson e Adailde. Conversamos muito e mais uma vez me penitenciei pelo fato de ainda não ter conhecido a Pousada Capim Guiné, mas que daquela vez seria uma prioridade minha. Daí então começou uma caça ao pirata através do amigo Sílvio que se consumou em um domingo aconchegante naquele que é um dos mais agradáveis locais da cidade. Mas, voltando aos amigos visitantes, pude triste observar o que é que a vida faz da gente. Por que é que a vida é assim? Nestas incursões filosóficas que o filme dinamarquês Melancolia me levou, acabei me deparando com uma
reflexão do pensador alemão Nietzscheque cito sem muita certeza de sua versão, mas que deve se aproximar da verdade; quanto ser o homem um erro deDeus e a vida um fardo, algo que nos foi dado, sem qualquer possibilidade de retroceder. Ou sem ir muito longe, ficando por aqui, num verso de um samba de Toquinho e Vinicius “se foi prá desfazer, por que é que fez?”
reflexão do pensador alemão Nietzscheque cito sem muita certeza de sua versão, mas que deve se aproximar da verdade; quanto ser o homem um erro deDeus e a vida um fardo, algo que nos foi dado, sem qualquer possibilidade de retroceder. Ou sem ir muito longe, ficando por aqui, num verso de um samba de Toquinho e Vinicius “se foi prá desfazer, por que é que fez?”
A citação popular “voltar aos tempos de criança” se materializa em Nelson, em momentos tão infantis como levar para dormir, dar a alimentação na hora certa, dar banho, aquecer no frio, calçar meias, fazer cafuné quando em raros instantes de impaciência indica estar com sono. Difícil acreditar que este retorno a infância se dê não em devaneios próprios da maturidade, de quem sente o tempo passar certo de que o fim inexorável se aproxima, mas fruto de um mal que gradativamente lhe corroí as forças, o corpo, a alma. A miragem de um homem ativo, inteligente, bem humorado, sábio que se esvai, enquanto lembro fatos da minha infância/juventude como aquele em que Nelson Martins mantinha um programa no serviço de alto falante de Piritiba intitulado “Boa noite para você”. Cada programa era dedicado a uma personalidade, um local, um fato, um imóvel, um bem da natureza de nossa cidade. Não sei se os textos eram de improviso ou redigido para leitura no ar. O que sei é da minha curiosidade em ter acesso a estes textos, se é que eles existem o que não creio, para imortalizá-los em um livro ou em registro virtuais nestes tempos que se fossem aqueles estariam transformados em arquivos para a eternidade. Ouvia atento todos estes programas e, inconsciente devo ter sido influenciado não pela oralidade dos textos, mas pelas palavras com quem viria bem mais tarde me identificar em que pese “os erros de meu português ruim”. O prefixo musical que abria e encerrava o programa era uma gravação da Orquestra de Glenn Miller para Moonlight Serenade; solene, elegante, comovente como seu apresentador.
Neste seu aniversário, nunca é demais invocar por saúde, um pouco de saúde, um fiapo que seja de saúde, para que continue por mais, mais, tempo entre nós seus amigos, seus familiares, seus filhos, sua querida, dedicada e paciente esposa. Parabéns e este nosso afetuoso abraço nesta e em futuras datas.
Boa noite prá você (também) Nelson Martins!
Foto: Piritiba News - Nelson em pose de Sheik do Petróleo
Autor: bazoborges@ig.com.br - Categoria(s): Pessoal
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