“Outra coisa que me parece de enorme e imediata necessidade é a organização de
museus. Mas, pelo amor de Deus!, museus à moderna, museus vivos, que sejam
um ensinamento ativo, que ponham realmente toda a população do Estado de
sobreaviso contra o vandalismo e o extermínio.”
... Mário de Andrade
Em carta datada de setembro de 1937, o poeta modernista
Mário de Andrade apoiou a campanha “Contra o
Vandalismo e o Extermínio”1 do patrimônio cultural promovida
pelo jornalista Paulo Duarte. Nessa carta, o poeta
afirma: “Os museus municipais me parecem imprescindíveis”; e, em
seguida, sugere que nesses museus sejam apresentados materiais
arqueológicos, folclóricos, artísticos, históricos, além de elementos
de arquitetura regional, das atividades econômicas e dos recursos
naturais do município.
O projeto de Mário de Andrade para os museus municipais
passa pela valorização do existente: do mais singelo ao mais sofisticado,
do popular ao erudito, da cópia ao original, do testemunho
natural ao cultural, sem a preocupação de coleções fechadas. A narrativa
museológica, nesse caso, surge do diálogo com a população
interessada na constituição do museu. Para operacionalizar esses
museus municipais, Mário aponta alguns caminhos:
É mesmo espantoso como estas coisas ficam relativamente barato, desde
que as municipalidades façam a força financeira inicial de fornecer um bom
edifício e jardim. Um caipira mesmo virá construir sua “taipa”. A indústria?
As próprias fábricas forneceriam os gráficos, os produtos, os desenhos
e explicações de seu funcionamento, em grandes quadros de adorno
das paredes. Sei disso, por experiência própria, pois quando se tratou, no
Departamento de Cultura, de organizar um mostruário da fabricação de discos,
tudo, desde a bonita e cara vitrina, foi oferecido grátis por uma das
fábricas daqui. Quanto aos objetos do museu, não haverá munícipe que não
ofereça o que possui de arqueológico, de folclórico e mesmo de histórico ou
de artístico, em benefício e glória de seu município. Talvez seja necessário
mudar de vez em quando de partido na prefeitura, pois desconfio que muitos
prefeitos só receberão ofertas de seus correligionários, Ah, política.
(carta de Mário de Andrade publicada em DUARTE, Paulo, op. cit.)
museus. Mas, pelo amor de Deus!, museus à moderna, museus vivos, que sejam
um ensinamento ativo, que ponham realmente toda a população do Estado de
sobreaviso contra o vandalismo e o extermínio.”
... Mário de Andrade
Em carta datada de setembro de 1937, o poeta modernista
Mário de Andrade apoiou a campanha “Contra o
Vandalismo e o Extermínio”1 do patrimônio cultural promovida
pelo jornalista Paulo Duarte. Nessa carta, o poeta
afirma: “Os museus municipais me parecem imprescindíveis”; e, em
seguida, sugere que nesses museus sejam apresentados materiais
arqueológicos, folclóricos, artísticos, históricos, além de elementos
de arquitetura regional, das atividades econômicas e dos recursos
naturais do município.
O projeto de Mário de Andrade para os museus municipais
passa pela valorização do existente: do mais singelo ao mais sofisticado,
do popular ao erudito, da cópia ao original, do testemunho
natural ao cultural, sem a preocupação de coleções fechadas. A narrativa
museológica, nesse caso, surge do diálogo com a população
interessada na constituição do museu. Para operacionalizar esses
museus municipais, Mário aponta alguns caminhos:
É mesmo espantoso como estas coisas ficam relativamente barato, desde
que as municipalidades façam a força financeira inicial de fornecer um bom
edifício e jardim. Um caipira mesmo virá construir sua “taipa”. A indústria?
As próprias fábricas forneceriam os gráficos, os produtos, os desenhos
e explicações de seu funcionamento, em grandes quadros de adorno
das paredes. Sei disso, por experiência própria, pois quando se tratou, no
Departamento de Cultura, de organizar um mostruário da fabricação de discos,
tudo, desde a bonita e cara vitrina, foi oferecido grátis por uma das
fábricas daqui. Quanto aos objetos do museu, não haverá munícipe que não
ofereça o que possui de arqueológico, de folclórico e mesmo de histórico ou
de artístico, em benefício e glória de seu município. Talvez seja necessário
mudar de vez em quando de partido na prefeitura, pois desconfio que muitos
prefeitos só receberão ofertas de seus correligionários, Ah, política.
(carta de Mário de Andrade publicada em DUARTE, Paulo, op. cit.)
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