domingo, 23 de janeiro de 2011

QUINZINHO ABRE O SEU CORAÇÃO

Joaquim Sampaio Neto, é o verdadeiro nome de QUINZINHO.
Num papo descontraído ele faz um breve relato de sua vida profissional, política e outros babados mais.
Leia a seguir a primeira parte da  entrevista realizada pelo Prof. Dario e Silvio Romero, correspondentes do Piritiba Net em Piritiba, em 27 de novembro de 2002




PN – Sr. Joaquim Sampaio, onde o Senhor nasceu e quando?
Quinzinho – Nasci no Distrito do Largo em 25/10/1920

PN – Qual o nome de seus pais e quais as profissões deles?/
Quinzinho – Meu Pai chamava-se Joaquim Sampaio Filho (Apelido: Quincas) e minha mãe chamava-se Noemia Navarro Sampaio (Doméstica)

PN – Onde o Senhor estudou?  Primário e Secundário?
Quinzinho –  Cursei o Primário em Salvador e fiz até o Exame de Admissão, porém meu Pai entrou em dificuldades financeiras e eu então fui trabalhar numa serraria de meu tio Edgard Navarro.

PN – Qual a sua primeira atividade profissional?
Quinzinho – Primeiro fui trabalhar na Serraria e meu tio vendo a maneira como eu tratava os fregueses, resolveu abrir uma filial no Maciel de Cima e me colocou como Gerente.

PN – Quando e como conheceu D. Carmosina?
Quinzinho – Houve uma festa em Piritiba, na casa do Chefe da Estação chamado Josias Bastiano. Ali dançando conheci a “Carmu” e começamos a namorar. O namoro se firmou e enfim a pedi em casamento e nos casamos.

PN – Em que ano se casou?
Quinzinho – 1939

PN – O Sr. Serviu o Exército, Marinha ou Aeronáutica?
Quinzinho – Eu não servi, fui dispensado por excesso de contingente.

PN – Quando chegou à Piritiba?
Quinzinho – Cheguei em 1938.

PN – Lembra Quantos habitantes tinha Piritiba naquela época?
Quinzinho – Era uma vila regular. A malária atacou no França e a população daquela vila começou a se mudar para Piritiba (calculo que 80% da população do França veio embora para cá). Neste tempo, o Distrito de França era maior que Piritiba, que era ainda um povoado.

PN – Quais os moradores mais importantes e influentes de Piritiba, naquela época?
Quinzinho – A família Marcelino e a família Sampaio. Destaque aí Sr. Dudu Sampaio.

PN – Quando o Senhor chegou aqui, qual a sua atividade?
Quinzinho – Eu cheguei aqui a passeio, a convite de Sampainho, filho do João Damasceno Sampaio, que morava em Salvador mas ainda tinha atividade de fazenda em Piritiba.
(Vou lhe contar uma historinha que aconteceu comigo) “Quando trabalhava na serraria de meu tio Edgard Navarro, pensei comigo, aqui não terei futuro, tenho que ir embora para o Interior. Meu tio tinha pedido para eu fazer um pagamento de uma duplicata no Banco Econômico no Comércio, em Salvador e quando eu acabei de realizar este compromisso, subindo a ladeira do Taboão, me deparei com um chafariz que existia naquela época bem no pé da ladeira e lá avistei uma placa com o ano de construção daquele chafariz  1870. Aí eu pensei, tenho R$1.500,00 réis (um mil e quinhentos réis), vou fazer uma aposta no Jogo do Bicho, numa loja bem conceituada da Baixa dos Sapateiros, chamada Bataclã, que pagava integralmente a quem ganhava. Joguei R$ 500,00 réis na dezena, R$ 500,00 réis na centena e R$ 500,00 réis no milhar. Aí voltei para a Serraria. Lá para as 4 hs da tarde, que era quando saía o resultado do jogo, que vinha do Rio de Janeiro, então meu carregador (empregado da serraria), disse: “A pedra de hoje foi 1870”. Eu corri, conferi meu bilhete e fiquei no maior dilema. Se aparecer com este dinheiro, meu tio pode pensar que eu estou lhe roubando na serraria. Então eu chamei Nelson Navarro que era irmão de meu tio Edgard Navarro (por parte de mãe) e lhe disse o que aconteceu e lhe pedi para ir comigo ao Bataclã, receber o meu dinheiro. Ele foi comigo, recebi $3.340.000,00 (três mil e trezentos e quarenta contos de réis). Retiramos o dinheiro, pedi que ele colocasse em sua pasta, pois não cabia em meu bolso e dissesse a Tio Edgard onde consegui o dinheiro, para ele não pensar que eu tinha roubado de sua serraria.
Então depois que eu ganhei esta importância, eu achei que deveria dar outro rumo a minha vida e foi assim que eu voltei para Piritiba. Aluguei um armazém de 2 portas que pertencia a Tio Gé, perto da farmácia e aí comecei minha vida comercial em Piritiba. 

PN – Quais as maiores dificuldades que Piritiba enfrentava naquela época?
Quinzinho –. Foram muitas. Depois que abri meu armazém, comecei negociando com bebida que meu Pai como viajante que era naquele tempo vendia, chamada “Jurubequina”. Um tipo de refrigerante gasoso produzido em Senhor do Bonfim. Mas o fabricante não tinha ainda experiência na produção, de forma que colocava gás em excesso e as garrafas explodiam ainda na prateleira. Vi que aquilo não dava certo e aí comecei a comprar farinha para Carlos Barreto de Alencar de Mundo Novo. Ganhava R$0,50 (cinqüenta centavos) por saco de farinha. Depois o comércio melhorou,  e recebi também uma herança pela morte do Pai de “Carmu”, aí comprei a Fazenda Novo Horizonte. Comecei a exportar farinha pela Leste Brasileiro, cheguei a ser o 2º maior exportador de Piritiba, só perdia para  ....

PN – Como e porque entrou para política em Piritiba?
Quinzinho – Eu entrei na Política, porque fiquei muito preso às coisas de Piritiba e revoltado com a ingratidão dos administradores de Mundo Novo. Naquele tempo Francelino França que era fiscal da Prefeitura de Mundo Novo arrecadava o imposto de cada saco de farinha que era embarcado pela Leste. Teve mês de despacharmos mais de 10.000 sacos de farinha. A maior fatia da receita de Mundo Novo, portanto, era de Piritiba e o Distrito que mais produzia era o Distrito do Largo e a Prefeitura de Mundo Novo nada ou quase nada fazia para melhorar nossos Distritos. 

Um comentário:

  1. Que beleza. Um verdadeiro resgate da nossa história. Que outros Piritibanos relevantes contem a sua história que também é nossa. Agamenon Almeida.

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