domingo, 12 de agosto de 2012

NOSSA SENHORA














Agamenon Almeida

Á beira do lago com águas cristalinas
Tal qual um espelho a refletir o céu
Eu a vejo, sentada sobre a pedra
Meditando, com o rosto sob o véu.

Extasiado frente a tamanho enlevo
Temo pelos ruídos do meu pensamento
Que não perturbem esta paz reinante
Nem a sublime oração que me traz o vento.

E ali fiquei, sentado, por horas a fio
Tentando encontrar minha própria luz
Mas nem a paz, serena e radiante
Livrava-me da angustia de pesada cruz.

Vagando pelos labirintos da alma confusa
Que já não consegue se livrar do medo
Entrego, sem reservas, todas as certezas
Porque só me agora este desapego.

Queria poder chegar bem mais perto
Pra talvez que sabe, em um último apelo
Inebriar-me na luz de tão serena face
Que majestosamente ora com desvelo

E serenamente elevou-se aos céus
Sem ter percebido levou minha cruz
Deixando o lago cheio de estrelas
E meu coração, repleto, de serena luz.

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