Memórias de uma infância
Como um lugar tão pequeno pode exercer tanto fascínio sobre seus filhos?!... Só Piritiba é capaz
.Lucimar Ayres de Almeida
.Lucimar Ayres de Almeida

Grandes lembranças daquelas procissões da igreja, quando nossas mães muito orgulhosas, nos vestia de anjos, com direito a asa e coroa. E seguia pelas ruas aquele bando de capetinha com ar angelical, balançando as asinhas que eram amarradas em nossos ombros, tirando os “carrapichos” que furavam nossos pés descalços. Lembranças dos passeios à estação de trem, vestindo nossas domingueiras para esperar o “Maria Fumaça” que vinha de Senhor do Bonfim, passando por Pindobaçu, Saúde, Jacobina e Miguel Calmon e França.
Da Escola tenho lembranças deliciosas principalmente daquelas festas cívicas com “paradas” pela cidade e dos “dramas” organizados pela bela Professora Elaci, os quais eram realizados no “Armazém de Quinzinho” e o palco era feito de tábuas emprestadas pelo Sr. José Moreira e colocadas sobre tonéis. Tinha teatro, bailados, poesias etc. E por falar em “dramas”, lembro-me também dos circos armados na Praça Nova e da nossa tristeza quando iam embora. Matávamos a saudade imitando os seus artistas no quintal da casa de Vó Cota e fazendo dos seus lençóis a cortina do palco.
Ficaria contando os fatos da minha infância durante horas e até dias, mas como não é possível vou contar uma história que talvez demonstre a nossa fixação por Piritiba. É sobre uma música gravada por um cantor amigo de muita gente daquela época, inclusive dos meus pais, sempre lembrado com orgulho por todos, chamado Bob Silva que gravou uma música falando da infância. Estive sempre certa de que o tal artista era piritibano e a música se referia à infância em Piritiba e fiquei indignada quando, um belo dia, minha mãe comentou que a terra Natal do tal “Bob” era Jacobina e a música referia-se àquela cidade. Como era possível?!... Bob Silva era patrimônio de Piritiba, não poderia ser para outra cidade aquela música! Recusava-me a cantá-la de forma correta: “Minha infância em Jacobina, oh! Menina, vale a pena contar”. Essa é a letra original , mas eu insistia em cantar: ‘MINHA INFÂNCIA EM PIRITIBA, OH! MENINA, VALE A PENA CONTAR”. E eu estava certa! Vale mesmo a pena contar nossa infância, vivida em solo piritibano.
Lucimar, parabéns por abordar com tanta propriedade os fatos daquela época. Lembro-me de dona Cota (sua avó,sentada nos finais das tardes na porta de seu casarão na Alameda Sampaio.
ResponderExcluirMe emocionei ao ler essa matéria, pois me foram evocadas imagens das quais não me lembrava mais, e outras como o bumba-meu-boi que nos enchia de medo e euforia. Parabéns e obrigada.
ResponderExcluirO TEXTO É MUITO BOM E REALMENTE TRAZ BOAS RECORDAÇÕES. GOSTARIA DE SABER O SEU NOME E ONDE RESIDE
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