Memórias de uma infância
Lucimar Ayres de Almeida
Como um lugar tão pequeno pode exercer tanto fascínio sobre seus filhos?!... Só Piritiba é capaz. Mesmo aqueles que de lá saíram ainda criança, não conseguem esquecer esse lugar mágico e falam com grande orgulho da querida terra, cidade da Rua dos Ricos, Sobradinho, São Domingos, Rua da Igreja, Praça Nova e Praça Velha, Rua da Mistura (Mustura para muitos) e o famoso Bate-Bico – era a nossa terra. Cidade onde o Estádio era denominado “Campo de Futebol” e o aterro sanitário era o “munturo”.
Os fatos que ocorreram na minha infância estão presentes, gravados na minha memória com detalhes. E como é bom relembrá-los!... É difícil imaginar esse poder sedução, exercido por uma cidade sem ruas calçadas, onde a água chegava às residências através de carregadores com latas ou jegues com “carotes” (adoro pronunciar essa palavra), iluminada por candeeiros à querosene, com pavio e um tubo de vidro ou por aladim (candeeiro mais sofisticado), isto sem falar no famoso “fifó”. Somente mais tarde chegou luz elétrica, de forma muito precária. O café e o milho eram moídos em Pilão. O que diriam os cardiologistas de hoje se disséssemos que o nosso óleo de cozinha era a banha de porco frita? Ah, e os torresmos, que delícia!... Às vezes penso que essa afinidade nos foi transmitida pelo contato com a energia da terra quando, descalços, brincávamos por aquelas ruas. São lembranças tão doces que não deixam espaço para recordações desagradáveis. Existiram??????

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