domingo, 20 de fevereiro de 2011

COLUNA DO BAZO (LOURIMAR BORGES)

 Fomos amigos de infância e juventude, assim como de seus manos. “Su casa, mi casa” e vice-versa.A proximidade de nossas residências piritibanas facilitava esta interação. Compartilhamos momentos inesquecíveis em festas e farras inclusive carnavalescas, já aqui em Salvador. Por sinal, já em Salvador, logo quando cheguei e já pensionista nos Barris, fui apresentado por ele, Ed, à primeira pizza, à primeira vista do mar na murada ao lado do Elevador Lacerda, na Praça Municipal; à primeira boate; ao primeiro Carnaval da cidade, ao primeiro restaurante; à feijoada, ao vatapá e caruru (em Biu – Rua do Cabeça); aos primeiros quinze anos engalanados na Associação Atlética da Bahia enfim, momentos decisivos e definitivos no meu processo de aculturação soteropolitana e também ao primeiro “tapa” com amigos seus no Tororó.
Ed foi meu cartão de visita em Salvador e meu condutor até a chácara de seus tios em Valéria, onde a cada final de ano se abrigava uma enorme população flutuante em torno da família destes tios procedentes de São Paulo, em veraneio na cidade. Valéria é testemunha silenciosa de farras memoráveis ou refúgio acolhedor de noitadas inesquecíveis pelos cantos, bares e lugares da cidade aos poucos descoberta.
Tenho com Ed uma enorme dívida de gratidão que a saudade de sua ausência não atenua, aumenta com a lembrança de sua morte há dez anos, em outubro de 1998.
Em um dos livros das “Histórias de Piritiba” que participei, registrei aqueles textos que cometi, como sendo dedicados a ele e a Bira de quem falarei em outra oportunidade. Mas foi pouco, é pouco, Ed foi, é e merece muito mais, sei que sou incapaz de externar este merecimento, este amor. E aí, abaixo o texto “dedicatória”…

… Não Piritiba, desculpe o mau jeito; aceitamos os seus novos hábitos e costumes; absorvemos a evolução urbana de sua sede; fazemos de conta que não nos incomoda a estridência musical de seus veículos; compreendemos, consternados, a perda da delicadeza e da hospitalidade que foram tão suas; ignoramos a paulatina decadência de suas festas; choramos contigo o futuro incerto de nossos jovens; lamentamos a indigência nativa de seus políticos… relevamos tudo, tudo, mas por Deus, responde…

          Essa perplexidade presente, esse derramamento de saudade decorre da imensa falta de dois inigualáveis companheiros, parceiros de tantas viagens precocemente interrompidas: Bira e Ed. Estes arremedos de textos, pretextos de memórias piritibanas, são de vocês, para vocês. Tão diferentes, tão desiguais, mas únicos na cumplicidade que pactuamos enquanto durou nossa vida.
(


Um comentário:

  1. São 14:00 horas de um domingo ensolarado e próprio desta cidade solar. Tô chorando, nâo lembrava de ter escrito estas sentimentalidades.A culpa é de Moema que pôs neste momento canções que este coração enfartado talvez não resista.Bjs. Ed e Bira amarei vocês sempre!Até breve!
    Lourimar Borges

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